* Conteúdo publicado na edição impressa do dia 11 de março de 2023 (sábado)
O Quartel da Polícia Militar de Poço Fundo está sob novo comando. Desde fevereiro, a fração local vem sendo dirigida pelo aspirante a oficial e futuro tenente, Linniker Sousa Silva (30 anos). Natural do município vizinho de Serrania, o recém-chegado chefe da Corporação concedeu uma entrevista exclusiva ao JPF, na manhã do último dia 8 (quarta-feira), para se apresentar à sociedade e falar um pouco sobre a linha de trabalho que pretende adotar para administrar as atividades de Segurança Pública na cidade. Na oportunidade, ele ainda revelou que ações inovadoras já estão sendo tratadas e, em breve, passarão a fazer parte da gama de serviços oferecidos pela instituição à comunidade. Confira o bate-papo:
JPF: Tenente, primeiramente, fale um pouco sobre sua experiência na Polícia Militar: como ingressou e como foi a sua trajetória até chegar a Poço Fundo?
Tenente Linniker: A minha trajetória começou com a graduação em Direito, a qual foi iniciada em 2012, em Machado, na Fumesc (Fundação Machadense de Ensino Superior e Comunicação), e onde me formei em 2017. No mesmo ano, fui aprovado na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Naquele período de faculdade já tinha o anseio de ingressar na Polícia Militar, mas não era possível a dedicação somente aos estudos, pois precisava trabalhar. Então, fui contratado por um escritório de advocacia e passei a atuar na área. Mesmo assim, me mantive estudando e prestando os concursos da Corporação. Em 2019, consegui a aprovação para o Curso de Soldados na 18a Região PM, à qual o 64º Batalhão de Alfenas pertence. E foi lá que ingressei. Nesse período, já ciente da vontade de me tornar oficial, conciliei os estudos do curso de soldado com os do concurso para ingresso no Oficialato, sendo aprovado em 2021. Após a aprovação, fui para a Escola de Formação de Oficiais, em Belo Horizonte. Fiquei lá por um ano e meio. Finalizado o curso, como sempre tive vontade de voltar à região, e havia vagas nos municípios de Poços de Caldas, São Sebastião do Paraíso e Alfenas, e como a última cidade é mais próxima da minha terra natal e compõe uma região que conheço, fato que facilitaria a própria prestação de serviço, a escolhi e fui designado. Após alguns dias, fui remanejado para Machado e, agora, chego a Poço Fundo para somar e trabalhar em prol da segurança de toda a comunidade.
JPF: Como você conheceu Poço Fundo? O que foi mais atrativo para aceitar vir para o município? Qual foi a situação que encontrou ao substituir o tenente Ricardo Gonçalves?
Tenente Linniker: Conheço o tenente Ricardo. Quando fazia o Curso de Soldados, ele chegou aspirante em Alfenas. É um profissional exemplar. Aprendi muito com ele nesse período de transição. Até na época que eu almejava ingressar na Escola de Formação de Oficiais, como ele havia feito o curso recentemente, fomos conversando e trocando umas informações, estreitando os laços. Sobre a vinda para Poço Fundo, não fui eu que escolhi. Isso se dá por meio de indicação do Comando da Unidade. Estou disposto a servir qualquer município desde que cheguei no Sul de Minas. Dessa forma, fui designado para o 64º Batalhão PM. Lá, o comandante apresentou a necessidade de um novo oficial na cidade após a saída do tenente Ricardo. E foi assim que me designaram pra cá. Fiquei muito feliz, pois é uma cidade próxima da minha. Conheço um pouco da realidade daqui porque é um município parecido com minha terra natal, apesar de ser maior em termos de habitantes e territorialmente. A zona rural daqui, por exemplo, é enorme. Por isso, temos buscado implementar, diariamente, um efetivo na zona rural. Temos estreitado as relações com produtores, fornecendo dicas de seguranças e desenvolvendo outras ações. Temos que dar uma atenção especial nesse quesito, pois necessita.
JPF: Falando em zona rural e retornando ao nome do tenente Ricardo, no ano passado, ele lançou um projeto junto aos agricultores chamado “Argos”. Com esta iniciativa, ele pretendia formar uma rede de segurança colocando câmeras na zona rural, em parceria com a Prefeitura e solicitando que os produtores fornecessem energia e internet para que os equipamentos fizessem a vigilância por imagens. Você está por dentro desse projeto? Pretende tocá-lo em frente?
Tenente Linniker: Sim. Tomei conhecimento desse projeto e o achei excepcional. Esta iniciativa casa muito bem com a necessidade que temos de proporcionar mais segurança a todos. Logo após tomar ciência desta situação, fiz contato com o prefeito Rosiel de Lima, que nos atendeu prontamente, e conversamos sobre o projeto, que está em andamento, esbarrando apenas em algumas questões técnicas para ser colocado em prática. O pessoal do setor de TI (Tecnologia da Informação) do Município está fazendo todas as consultas de viabilidade técnica necessárias para tirarmos o projeto do papel e colocá-lo em prática. Feitos esses ajustes e alguns estudos, provavelmente, daremos andamento à ideia.
JPF: A respeito dos patrulhamentos pelo município, de uns tempos pra cá, Poço Fundo tem sofrido muito na zona rural, principalmente quando o assunto é furto de gado e assaltos à mão armada. Que tipo de ações você pretende tomar para passar a sensação de tranquilidade à população?
Tenente Linniker: Além do patrulhamento, temos que fazer a prevenção. E como promover isso? Não vamos simplesmente patrulhar a zona rural, passando a viatura na porta das residências. Vamos fazer contato direto, estreitar a relação e dar dicas de segurança, pois não conseguiremos estar em todos os locais o tempo topo ou a qualquer hora do dia, embora isso fosse o ideal. Mas, a partir do momento em que trazemos os moradores da zona rural para o nosso lado e passamos as dicas de segurança, eles conseguem colocá-las em prática, diminuindo a incidência da atividade criminal. Então, através dessa prevenção, pretendemos reduzir as práticas desses crimes. Isso vai ser feito em parceria com os próprios moradores da zona rural e através de contatos com as cooperativas, que têm muito acesso a eles. A ideia é essa: trazer a informação e espalhar para que todos possam se prevenir e colaborar com a Polícia Militar.
JPF: Você tem outros projetos para colocar em prática? Pretende fazer um trabalho junto às escolas, conscientizando adolescentes e jovens sobre essas questões criminais?
Tenente Linniker: Sim. Temos o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), que será iniciado na próxima semana na cidade e no Distrito do Paiolinho. Ele é uma diretriz que vem do comando. Considero este projeto muito bom, pois se começarmos um trabalho desde cedo, com certeza, vamos colher bons frutos lá na frente. Também já conversei com o prefeito e solicitei a expansão do sistema de câmeras da cidade, já que esta é uma questão que contribui muito para os nossos serviços. Quando temos um direcionamento do bairro em que tal fato se deu, com o apoio da Central de Monitoramento e todos os recursos que proporcionam, conseguiremos atender as demandas da sociedade com mais agilidade e eficiência. Outro projeto que está para ser implementado na cidade é o do Serviço de Prevenção à Violência Doméstica. Esta é uma diretriz que vem do comando da corporação e vamos implementar. Como o Pelotão de Poço Fundo não dispõe de militares formados no Curso de Prevenção de Violência Doméstica, a 164ª Companhia PM de Machado vai reforçar a gente nesse ponto, fornecendo policiais para atenderem a cidade. Pretendemos prestar um serviço de qualidade e eficiente dentro da dinâmica que envolve a violência doméstica. Então, o que a sociedade pode esperar dessa nova gestão da PM é uma conduta bem incisiva à frente da criminalidade. Nesse ponto, não teremos diálogos. Vamos ficar em cima. Temos conhecimento em relação ao tráfico de drogas na cidade, que tem ocorrido em alguns bairros, e já estamos fazendo os estudos necessários para programar ações que inibam essa prática criminosa que incomoda a população como um todo.
JPF: Você pretende criar uma rede tecnológica, utilizando as redes sociais e a internet, entre os produtores rurais?
Tenente Linniker: Com certeza. Inclusive, esta semana, fui inserido em um grupo de conversas por aplicativo, no qual está grande parte dos produtores rurais da cidade. A nossa intenção é que todos venham para o grupo. Claro que ali não vai ser o meio de comunicação oficial com a Polícia Militar, que continua sendo o 190. Mas, vamos monitorar os grupos, à medida do possível, observando as demandas e reivindicações que temos diariamente, procurando atendê-las o mais rápido possível. Temos que usar a tecnologia a nosso favor. Não adianta ficarmos parados no tempo, achando que não precisamos evoluir. Hoje, para prestar um serviço de qualidade, a tecnologia é essencial.
JPF: Sobre os órgãos ligados à Segurança Pública, como estão as relações? Já foram feitos contatos com todos?
Tenente Linniker: Sim, com a maioria. Como cheguei no período do Carnaval, meu tempo ficou prejudicado. Naquela semana, tivemos que fazer todo o planejamento da festa, solicitar reforços… E cumprimos nossa missão, sendo, inclusive, elogiados pelos superiores, já que não registramos, assim como em todas as cidades do 64o BPM, nenhum crime violento. Mesmo assim, dias após o evento, me encontrei com representantes de diversos órgãos. Pretendo concluir esses contatos nos próximos dias, pois não conseguimos fazer nada sozinhos. Por mais que a Polícia Militar seja um órgão do Estado, responsável pela Segurança Pública, isolados tudo fica mais difícil. Também tenho estreitado relações com parceiros privados e empresas que são amigas da PM e nos ajudam na prestação de serviços. Tudo isso é muito importante para nós.
JPF: Suas considerações finais.
Tenente Linniker: A cidade de Poço Fundo é bastante acolhedora. Graças às experiências profissionais que tive anteriormente, conheço alguns moradores da cidade, e eles mesmos me passaram informações sobre o povo hospitaleiro e a sociedade fácil de lidar. Tenho saído semanalmente com o pessoal da Patrulha para conhecer a zona rural, que é imensa, e, assim, poder me preparar melhor e atender a população com eficiência. Logo, gostaria de agradecer o acolhimento da sociedade, deixando a certeza de que podem contar com todos os policiais militares da cidade. Estamos prontos para proporcionar um trabalho eficiente e efetivo a todos. Com nossos serviços pretendemos bater de frente com a criminalidade, mantendo a rotina de vida tranquila de Poço Fundo, como todos desejam.
