Hoje é sexta-feira, dia 13 de dezembro. E como todos sabem, quando o dia 13 cai em uma sexta-feira, muitas superstições e casos são atrelados à data, que ganhou a conotação de terror principalmente após os americanos lançarem uma franquia de filmes de terror com o nome Sexta-feira 13.
Então, para não perder o espírito da brincadeira, o JPF, com a colaboração do colunista Júlio Olivar, relembra alguns casos de assombração contados durante gerações à comunidade gimirinense.
Leia o texto e se arrepie (ou dê rodadas) com os causos assombrados de Poço Fundo:
HOJE É SEXTA 13
ALGUNS CAUSOS DE ASSOMBRAÇÃO DE POÇO FUNDO
Nas noites frias era bom demais ouvir as histórias sentado no fogão à lenha. Difícil era dormir depois.
Em nossa terra natal, Poço Fundo, havia, na década de 1940, uma assombração que saía dos escombros de um cemitério abandonado na Rua Santa Cruz.
Era conhecida como a “Mulher de Branco”, que perambulava pelas noites escuras da pequena cidade. Inclusive correndo atrás de cavaleiros que ousassem percorrer as ruas em penumbras naqueles tempos.
Depois de muitos anos, um grupo de jovens que jogavam cartas no Clube de Gimirim decidiu enfrentar a assombração. Dirigiram-se ao velho cemitério. Viram ao longe o fantasma sobre o muro de pedras, e ele crescia diante dos olhos espantados dos rapazes.
Os corajosos gimirinenses foram se aproximando, jogando pedras no “bicho do além”. Até que ele se rendeu. Era o comerciante Roque Noronha sustentando sobre si uma cadeira coberta com um grande lençol branco, que ele erguia à medida que as pessoas se aproximavam.
Foi assim o fim da Mulher de Branco que apavorou uma cidade toda.
A história foi acontecida. Mas longe do brincalhão Roque Noronha existiam assombrações de verdade. Pelo menos é o que garantiam os mais velhos que nos contavam causos de lobisomem, visagens, caporas… Ah, e Poço Fundo tinha também muitos corpos-secos. Tinha um que vivia na Mata do Sô Aureliano, outros na Bocaina, no São Miguel… Geralmente, eram fazendeiros ruins que quando morriam a terra os rejeitava e eles voltavam e ficavam no meio do mato. Até no Centro de Poço Fundo diziam que existia um casal de corpos-secos amarrados num porão.
Tinha uma porteira no bairro da Cachoeirinha onde também era um perigo passar à noite. Lá aparecia um lobisomem bem diferente. Era um lobo branco, e não preto como os mais comuns, que assustava cavaleiros com seu uivo estranho e ameaçador.
A velha Igreja Matriz de Poço Fundo, demolida em 1930, também foi palco de algo muito estranho. Era véspera do Dia das Almas quando um homem madrugadeiro viu a igreja aberta, toda iluminada com velas. E decidiu entrar. Estava cheia de gente. Mas ele não conhecia ninguém. Todos tinham feições pálidas e trajavam preto. Foi aí que alguém decidiu alertá-lo: “Vá embora que hoje a missa é só dos mortos”. Saiu em disparada e nunca mais quis saber desse negócio de andar por aí que nem gato sem dono.
Teve também uma Procissão das Almas que passava ao lado do Grupo Escolar José Bonifácio, tendo à frente um menino com uma matraca. Uma pobre mulher, muito devota, saiu à janela para observar as demais que tomavam parte do movimento, todas usando véu. Uma delas se aproximou e lhe entregou uma vela acesa. Na hora, a vela se apagou e virou um osso humano, todo sujo de terra. A devota desmaiou e a procissão sumiu por encanto.
Até o pacato e pacífico Distrito de Paiolinho, quem diria, também teve suas demonices; havia um famoso Demônio por lá. Muita gente chegou a vê-lo.
Mas medo mesmo o povo teve foi da passagem dos crucifixos voadores. Não havia rádio e nem notícias de espécie alguma na zona rural de Poço Fundo. E do nada, em plena Segunda Guerra, começaram a aparecer nos céus muitas cruzes voando. No bairro Coutinhos, a família de um doente chegou a colocá-lo no meio do terreiro para receber as graças dos céus. E ele se curou!
Uma legião se formou. A bordo de carros de bois, a turma saiu em passeata e foi ao padre para comunicar que, em muitos sítios, havia aparecido a tal cruz voando. Seria um sinal da volta de Deus? Foi quando souberam pelo padre da existência do avião.
E você conhece algum causo? Conte-nos.
Júlio Olivar