Jovem de 22 anos foi morta com requintes de crueldade. Assassino se entregou e disse que matou porque estava drogado
Um crime chocou moradores de Poço Fundo e Machado. Uma mulher de 22 anos foi encontrada sem vida no Rio Machado, na Ponte das Bandeirinhas, no final da tarde do último dia 30 (sexta-feira). Rapidamente identificado e com pedido de prisão temporária decretado, o assassino se entregou no último dia 5 (quarta-feira), e afirmou que cometeu o delito porque estava sob o efeito de cocaína. A versão não convenceu totalmente a Polícia Civil, que ainda tenta descobrir a motivação do homicídio.
Toda esta história começou quando a Polícia Militar de Machado foi acionada e compareceu à localidade conhecida como Ponte das Bandeirinhas para apurar a informação de que um corpo fora visto, por dois transeuntes, boiando no Rio Machado. O fato foi confirmado e o cadáver, de uma mulher, havia sido arrastado pelas testemunhas até uma pedra. A vítima estava com a bermuda abaixo do quadril, a blusa rasgada, o sutiã arrebentado e com sinais de lesões no pescoço, na cabeça e no maxilar. Os bombeiros a tiraram da água, a Perícia fez suas análises e encaminhou o corpo ao IML (Instituto Médico Legal) de Alfenas para os demais procedimentos.
Não demorou para que a identidade da garota fosse levantada. Daniela Cândida Maranesi (22) morava no bairro Piedade e foi reconhecida pelo marido, Evandro Alexandre (33). O homem supôs que a esposa poderia ter sido retirada de dentro de sua casa, pois, ao chegar lá, encontrou as janelas e portas abertas, a televisão ligada e o celular, com o qual a companheira sempre andava, deixado sobre a mesa, junto a um pedaço de bolo.
Os fatos começaram a ser esclarecidos com a declaração de uma testemunha, que viu um vizinho da moça, Rafael Duarte (24), colocando um corpo em seu automóvel. O rapaz e a esposa moravam numa residência situada a cerca de cinquenta metros do imóvel da vítima, e eram empregados na mesma fazenda que ela. Outras evidências aumentaram as suspeitas, como o fato dele inventar desculpas para não trabalhar no fim de semana subsequente e de ter sido visto lavando o interior de seu veículo antes de sumir, alegando que iria visitar parentes.
Com vários elementos levantados, o delegado Cleovaldo Pereira, que comandava as apurações, pediu e conseguiu um mandado de prisão temporária para o jovem. Nesse meio, a mulher dele saiu de casa e a mãe, que morava em Alfenas, se matou, provavelmente não suportando a pressão pelo ato cometido pelo filho.
Pressionado, Rafael se entregou, acompanhado de um advogado, e confessou o crime, dizendo que estava drogado, dando detalhes de como praticou o homicídio. Ele disse que tinha usado cocaína durante um longo período e, simplesmente, resolveu atacar quando Daniela havia entrado em casa para guardar algumas roupas, passando a estrangulá-la. A moça desmaiou, e o meliante, acreditando que ela estava morta, a colocou no carro para sumir com o cadáver. Porém, a vítima acordou no meio do caminho, quando então novas agressões aconteceram, inclusive com o uso de uma chave de roda. Depois, o corpo foi jogado no Rio Machado, mas caiu na terra, na margem. O assassino teve o sangue frio de descer ao local e empurrá-lo para as águas.
Crime sem motivo
O delegado Cleovaldo Pereira, responsável pelo inquérito que apura este caso, concedeu entrevista coletiva, na tarde do último dia 6 (quinta-feira), na sede da Polícia Civil de Machado. Para ele, o autor da barbárie ainda não contou toda a verdade.
Na entrevista, o delegado revelou o que o homicida havia dito em confissão, mas manifestou sua desconfiança em relação ao que fora declarado. “Ele afirmou que tinha matado a jovem apenas porque estava muito drogado e que usou bastante cocaína. Mas não acreditamos neste relato, pois, em nossa experiência, todo crime de assassinato, principalmente, com estas características, tem uma motivação, o que não ficou claro até o momento. Por isso, as investigações continuam”.
Segundo Cleovaldo, há suspeitas de que a garota foi morta enquanto fazia um favor à esposa do acusado. “Ao que parece, ela teria pegado as roupas do varal, a pedido da mulher de Rafael, e o ataque aconteceu quando ela deixava as peças na residência. No entanto, tudo isso está um pouco confuso, e precisa ser melhor esclarecido”.
Sobre a questão do uso de drogas, que, supostamente, foi o estopim do homicídio, um exame mais detalhado determinará se o assassino é realmente usuário e se há possibilidades desse consumo causar tal comportamento.
No depoimento, Rafael negou ter estuprado Daniela, mas o delegado prefere esperar o resultado de análises mais específicas, inclusive com material genético fornecido pelo autor, para confirmar ou não este fato.
Cleovaldo disse também que o caso não está totalmente fechado e nenhuma possibilidade está descartada, podendo até ser levantado o possível envolvimento de outras pessoas. “Ele não apresenta um motivo e, por isso, temos que trabalhar com todas as hipóteses. Foi um crime sexual? A esposa dele sabia do ocorrido? Ele teve ou tentou algum tipo de relacionamento com a vítima? São muitas as perguntas que ainda teremos que responder, mas estamos no caminho certo”.
Frieza
Apresentado à Imprensa, Rafael de Lima se mostrou frio diante das câmeras. Sobre o caso em si, não deu mais detalhes, alegando apenas que “queria pagar pelo que fez”. “Aconteceu, não sei como, mas foi isso aí (o delito). Agora é esperar a Justiça e responder pelo que fiz”.
O rapaz negou que tivesse estuprado ou tentado fazer sexo com Daniela e que tivesse algum interesse em relação à vítima, limitando-se a confirmar que a matou porque estava sob o efeito de drogas, especificamente de cocaína.
Questionado sobre como se deram os fatos, primeiramente, ele relatou que não se lembrava, mas confrontado com o próprio depoimento, no qual deu detalhes chocantes a respeito das brutais agressões, preferiu ficar em silêncio.
A frieza do suspeito ficou evidente quando lhe foi perguntado o motivo do suicídio de sua mãe e como era o seu relacionamento com ela. Com um gesto que pode ser atribuído a uma forma de desdém, ele simplesmente disse não ter nada a ver com o caso. “Eu e minha mãe nos dávamos muito bem. Não sei porque ela se matou e não quero falar sobre isso”.
Rafael está no Presídio de Machado, por conta da detenção temporária pedida pelo delegado Cleovaldo Marcos. A reclusão pode ser prorrogada ou mesmo se transformar em prisão preventiva, de acordo com o que for apurado pela Polícia Civil. O rapaz não tem passagens e garante que esta é a primeira vez que cometeu um crime.
A reportagem do JPF continua acompanhando o caso e quaisquer novidades serão informadas nas próximas edições.