Se tem algo que boa parte da população ainda não aprendeu a fazer corretamente em Poço Fundo é separar os detritos orgânicos do que pode ser reciclado. Isso porque talvez não esteja atenta ao verdadeiro significado do termo “lixo seco”. O resultado é que muitas sacolas e produtos reaproveitáveis acabam não tendo a destinação adequada por conterem também restos de comida, sujeira de banheiros e até objetos perigosos, como seringas e cacos de vidro. Quem paga por isso são os trabalhadores da Usina de Reciclagem de Poço Fundo, que, além de levarem prejuízo por ter que devolver para o entulho comum materiais que poderiam ser revendidos, correm risco de sofrer acidentes e de contrair problemas de saúde.
A reportagem do JPF esteve no local no exato instante em que os trabalhadores literalmente perdiam um tempo precioso juntando detritos inadequados para os objetivos a que se propõem para posterior recolhimento do caminhão compactador. Era nítida a presença de comida, frutas, seringas, papel higiênico usado e outros itens perigosos. Formigas de todos os tipos tomavam conta do monte de lixo e pelo menos duas das associadas reclamaram que já haviam levado várias picadas.
A equipe conversou com a mais antiga trabalhadora da área. Maria José Ramos (49 anos), que atua na separação há uma década. Segundo ela, as dificuldades são grandes. “Sempre chega o material com esta sujeira, que não tem como aproveitar, e perdemos pelo menos uma hora e meia ou duas recolhendo tudo para o caminhão da Prefeitura pegar de volta. É um tempo no qual a gente poderia estar apenas selecionando os produtos para a reciclagem. Além disso, algumas das meninas se machucaram e até eu levei uma picada de agulha, algo que não deveria ser trazido pra cá por ser lixo considerado hospitalar”.
O prejuízo financeiro para os membros da usina, que dependem exclusivamente deste trabalho, é realmente considerável. “Por não separarmos dentro do tempo certo tudo que necessitamos para pelo menos duas cargas, está saindo daqui somente um caminhão por mês. Quando dividimos o resultado dessa venda não está dando nem R$ 500 mensais para cada colega, já que partilhamos tudo igualmente. Isso é pouco para quem tem que sustentar uma família e ainda comprar itens para a própria segurança e serviços, como luvas, sacos plásticos, arame e outros materiais”, afirma Maria.
Os funcionários do Executivo, responsáveis tanto pela coleta do lixo seco como pela do que deve ser levado para Alfenas, também não estão colaborando muito. Boa parte dos produtos inadequados chegam no caminhão da reciclagem e, quando tudo precisa ser devolvido, são os membros da associação, a maioria mulheres, que fazem o trabalho pesado do recolhimento. “Teve um dia que tivemos que carregar tudo debaixo de chuva porque ninguém da Prefeitura se dispôs a ajudar, e o motorista disse apenas que estava cumprindo ordens”, relatou uma das catadoras.
Sendo assim, fica claro que as pessoas que atuam na usina, mesmo fazendo um trabalho extremamente útil ao meio ambiente, estão quase que totalmente abandonadas, pois não contam com a compreensão e o apoio da população. O Poder Público, por sua vez, auxilia com a energia elétrica, o fornecimento de água e a coleta pela cidade, mas, em troca, somente descarregam sobre elas a responsabilidade de separar recicláveis de detritos.
Faça sua parte
Dar o destino correto ao material reciclável e ao orgânico é uma questão de consciência ambiental e solidariedade.
Você, morador de Poço Fundo, pode fazer parte deste grupo, e nem precisa se esforçar muito. Basta aprender a escolher corretamente o “lixo seco”.
Siga os seguintes procedimentos:
1º passo:
Separe todo o material que possa ser reaproveitado: vidros, papéis, plásticos e metais. Tudo deve ser colocado em outro saco ou container de lixo e, o mais importante, não deixe nada com detritos orgânicos;
2º passo:
Todo o material reciclável, anteriormente separado, deve ser lavado e estar enxuto (daí, o termo “lixo seco”) para que possa ser reaproveitado. Não é porque uma sacola é de plástico que você vai mandá-la com restos de comida, papel higiênico, frango cozido ou mesmo outro animal morto dentro dela para a reciclagem. Neste caso, o caminho é o retorno ao utilitário compactador e o envio para o aterro sanitário;
3º passo:
Com o material reciclável limpo e separado basta depositá-lo em um local estratégico e diferente daquele onde se descarta o lixo comum, para que seja fácil o recolhimento. É muito mais prático, tanto para quem pega quanto para quem separa o entulho, colocar os reaproveitáveis em um saco plástico transparente, pois, assim, evitam-se confusões. Muitas vezes, o caminhão do reciclável acaba pegando invólucros com produtos orgânicos porque estão próximos ou são muito parecidos com os que precisam levar;
4º passo:
Antes de dispor o lixo na calçada deve-se verificar o dia exato que a coleta seletiva passa pelo seu bairro. Em Poço Fundo, elas acontecem na segunda e quinta-feira.
Divulgue estas dicas e compartilhe a prática.