AGRICULTOR DESCOBRE “DOM” ARTÍSTICO E REVELA OBRAS DA NATUREZA

GERAL

Pensar fora da caixa, mas, ao mesmo tempo, manter a proposta de amar o que faz, cuidar da terra, da natureza e ainda mostrar que até aquilo que parece sem importância tem potencial para se tornar algo valiosíssimo, graças a um olhar atento e um coração sensível.
Há alguns meses, um produtor rural do bairro Facão vem dando uma verdadeira aula de como juntar todos esses fatores, unindo agricultura e arte. Nilson Dias (56 anos) reaproveita troncos cortados de café para criar móveis e cestas, mas também impressiona ao mostrar como galhos e raízes secas das matas podem ser belas obras de arte, sem agredir, de nenhuma forma, o meio ambiente.
Tudo teve início há pouco menos de três meses, em outubro do ano passado. O agricultor adquiriu um cafezal e, ao promover uma poda drástica, percebeu que poderia reutilizar os troncos do café cortado. “Vi que dava para fazer alguns banquinhos com esse material e arrisquei. Gostei muito do resultado e foi aí que tudo começou. Passei a vender alguns, e me serve como uma pequena renda extra”.
No entanto, este “insight” criativo do agricultor não foi o único a mexer com a sua rotina. Ele também pensou e enxergou muito mais possibilidades artísticas. Ao notar que em muitos galhos derrubados pelo vento ou em raízes que secavam no meio da mata havia forma de diversos animais, resolveu então fazer com que as pessoas vissem o mesmo que ele e conseguiu, bastando, para isso, algumas sementes para simular olhos dos bichos, uma limpeza e uma pintura. “O mais importante é que para fazer as obras não é preciso destruir nada da floresta. E, ainda melhor, quase 100% do trabalho a própria natureza já fez, e só deixo mais visível”.
A reportagem do JPF casualmente encontrou o lavrador, com algumas de suas peças, na sede da Coopfam (Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região). Nilson é membro da entidade há mais de trinta anos e garante que a ideia não é fazer do ganho financeiro o principal objetivo deste trabalho, mas agora tomou gosto em incentivar cada vez mais sua “veia” artística e pretende, se conseguir local e auxílio, promover uma exposição para mostrar as obras da natureza reveladas por suas mãos. “Vivo é da produção do meu café mesmo e todas as outras coisas que comecei a fazer nesses últimos meses foi por puro gosto e acabou me gerando um ‘ganhozinho’ extra. Mas a minha intenção não é ‘ganhar dinheirada’ com isso. Quero, assim que for possível e conseguir um ‘apoiozinho’, expor o que estou criando só pra mostrar a todos como nossa terra e natureza produzem coisas bonitas”.