Vigilância Epidemiológica confirma que duas pessoas foram infectadas no município e terceira suspeita é investigada. População ainda não se conscientizou sobre a necessidade de manter seus quintais livres do Aedes Aegypti
Apesar dos intensos trabalhos contra a proliferação do mosquito Aedes Aegypti em Poço Fundo, os casos de Dengue continuam a ser registrados no município. Boa parte deles são de doentes que contraíram o vírus em outras localidades (os chamados “importados”), mas também já há preocupantes situações “autóctones” (pessoas infectadas por insetos da própria cidade) confirmados.
O alerta foi feito por Denise Luz, que coordena as ações da Vigilância Epidemiológica. A servidora afirma que, nestes primeiros meses do ano, foram notificados trinta casos suspeitos da doença. Dez estão confirmados e, destes, sete são comprovadamente importados. Constatou-se que dois, no entanto, são de vírus transmitidos por mosquitos da cidade. A terceira suspeita ainda está sob investigação, mas, ao que tudo indica, pode estar neste grupo.
De acordo com Denise, alguns elementos são levados em consideração neste tipo de avaliação. Ela ressalta que, por exemplo, é praticamente impossível apenas uma pessoa ser picada por insetos infectados numa comunidade e só ela ficar enferma enquanto outros moradores não. Junto a este fato, analisa-se o período de incubação dos mosquitos, de desenvolvimento da doença no ser humano e a distância entre os casos.
Uma notificação recente, com grandes chances de confirmação, fez crer que as outras duas realmente eram autóctones. “O cidadão jura que não viajou para nenhum lugar com casos de Dengue ou qualquer outro no período de desenvolvimento da doença e, portanto, as suspeitas ficaram mais fortes. Avaliamos todas as informações com muita cautela, mas a proximidade dos registros nos fez concluir que, agora, temos doentes infectados por insetos locais”, diz a servidora.
Independente da comprovação de suspeitas ou não, quando há notificação, todas as áreas onde estão os possíveis doentes passam por uma ampla ação de controle. Pede-se que o infectado use repelente para evitar que mosquitos o piquem e se tornem transmissores efetivos, faz-se a chamada UBV (Unidade de Baixo Volume), ou seja, aplicação de veneno para matar Aedes alados em uma extensão específica da região em que o paciente reside, e um verdadeiro “pente fino” em imóveis e quintais, procurando eliminar tudo que possa se tornar criadouro do inseto. Recentemente, quarteirões do Centro e da parte alta do bairro Nova Gimirim tiveram que passar pelos procedimentos.
“Vale lembrar, porém, que o UBV é veneno e, devido a isso, tem que ser usado com critério, pois pode provocar danos ambientais. Tem pessoas que pedem pra gente jogar inseticida na cidade toda, ao invés de cuidar de seus quintais e, assim, evitar que o mosquito nasça. Desde 2015, atuamos nesta área e, todos os anos, é a mesma coisa: o maior número de focos está nas residências e em lugares que são inadmissíveis devido a ampla divulgação, como pratinhos de vasos de plantas, bromélias, brinquedos deixados no terreiro… O povo precisa tomar consciência de vez”, reclama Denise.
A vigilante faz um alerta para os que “relaxam” no controle no período de seca. “Como todo ser vivo, o Aedes também atua pela sua sobrevivência e manutenção da espécie. Sendo assim, a fêmea vai botar seus ovos onde tenha certeza de que um dia aparecerá água. Então, se você joga uma tampinha de garrafa que seja no quintal, é ali que ela vai deixá-los. Os ovos duram cerca de um ano e, neste tempo, basta uma chuva leve para que, em aproximadamente sete dias, eles se transformem em mosquitos. Por isso é que insistimos no prazo semanal de vistoria nos terreiros. São só dez minutos por visita, e podemos ficar livres desse perigo”.
O JPF continua acompanhando os trabalhos das equipes da Vigilância, bem como os de outros setores da Saúde agregados às ações e a evolução das infecções detectadas no município.
Atraso
Denise informou ainda que os exames comprobatórios das suspeitas de Dengue deverão sofrer um atraso na entrega dos resultados. A Funed (Fundação Ezequiel Dias), responsável pelas análises, mandou avisar que os kits para os procedimentos estão em falta, mas uma licitação para a aquisição dos mesmos encontra-se em andamento.